Levi Oliveira promove Sessão Especial pelo Dia Nacional de Conscientização e Enfrentamento da Fibromialgia

O dia 12 de maio marca o Dia Nacional de Conscientização e Enfrentamento da Fibromialgia, uma síndrome caracterizada por dores generalizadas, fadiga, distúrbios do sono e cansaço extremo. Essa condição tem ganhado cada vez mais atenção no Brasil, visto que em várias cidades do país, como Aracaju, pessoas com fibromialgia são reconhecidas como pessoas com deficiência. Nesse contexto, a Câmara Municipal de Aracaju realizou uma Sessão Especial sobre o tema nesta segunda-feira, 19, proposta pelo vereador Levi Oliveira (PP).
Foram convidados a falar Flávia Suelane, diretora do Movimento Fibromialgia Dor Crônica SE; Fabio Gileno, conselheiro municipal de defesa dos direitos da pessoa com deficiência em Aracaju; Flávia Santos, fisioterapeuta e integrante do Laboratório de Pesquisa em Neurociência (LAPENE); a especialista em dor, Mirene Morais; e a Dra. Josimari Melo, professora titular do Departamento de Fisioterapia da UFS.
A Dra. Josimari Melo começou sua fala compartilhando sua trajetória com o estudo da doença. “Estou fazendo 17 anos como professora efetiva do Departamento de Fisioterapia da UFS. Então começamos a trabalhar com pessoas diagnosticadas com fibromialgia quando pouco se ouvia falar sobre essa condição. E para tantas pessoas, ainda hoje é algo invisível”, afirmou a doutora. Em seguida, ela explicou que o termo “síndrome da fibromialgia” remete à soma de diversos sintomas e características clínicas, sendo que “em uma mesma pessoa coexistem afecções relacionadas ao físico, à fadiga, à baixa vitalidade e baixa energia, além da baixa capacidade de produzir”.
Apresentando um estudo sobre a síndrome, Flávia Santos destacou que aproximadamente 2,5% da população brasileira convive com a condição. Ela ressaltou, no entanto, que esse número não é totalmente preciso e que a quantidade real de casos certamente é ainda maior. “No nosso estado temos a Carteira de Identificação da Pessoa com Fibromialgia, que possui 4.463 pessoas cadastradas, mas que não é um número que reflete a realidade das pessoas com a condição em Sergipe. Muitas pessoas, seja por falta de informação, de acesso ou por impossibilidade de deslocamento, não conseguem fazer a carteira”, expôs.
A fisioterapeuta também explicou que não existe uma cura para o diagnóstico, mas que há tratamentos que auxiliam na redução das dores e dos sintomas, assim como no espaçamento entre crises. Segundo ela, o tratamento farmacológico (uso de medicamentos) e a prática de exercícios físicos são alguns exemplos de tratamento para os sintomas. “Eles precisam ser na dose certa. E para saber a dose do medicamento e do exercício, é preciso olhar de forma individual e avaliar com precisão. Precisamos, então, de profissionais capacitados”, finalizou.
Flávia Suelane expôs suas experiências como uma pessoa que convive com a síndrome e como diretora de um movimento que atua em defesa dos direitos dessas pessoas em Sergipe. “São milhares de indivíduos que estão descobertos, desassistidos e inviabilizados. Nós não encontramos espaços de acolhimento e nem profissionais que tenham empatia e conhecimento para o que a fibromialgia exige”, disse, apontando a educação como a principal ferramenta para mudar essa situação.
“No pior período da fibromialgia, eu cheguei a ficar 8 meses dentro de casa, somente no meu quarto, sem conseguir resistir a luz do Sol, pentear meu cabelo e nem aguentava tomar banho. A gente tem uma hipersensibilização, não só para a dor, mas para o intestino e para a pele também. Por não conseguirmos dormir, afeta nosso cognitivo, impedindo que tenhamos um raciocínio direto e lógico. Hoje, eu só estou aqui porque tive a possibilidade de encontrar profissionais que me acolheram e me ajudaram a estabilizar”, relatou. Ao final, ela pediu o apoio do vereador na implementação de políticas públicas efetivas voltadas à causa.
Fabio Gilenetambém compartilhou suas experiências com a doença: “A carteira de identificação foi uma luta para conseguir no nosso estado. Mas quando você se apresenta em algum lugar, você vê a dificuldade que os profissionais de saúde possuem, não sabendo nem o que é prioridade. Eles lhe veem externamente e dizem que você está bem, que não precisava estar ali. E é difícil ouvir isso, porque a gente trava naquele momento”.
Mirene Morais enfatizou que, se tratando de dor crônica, os medicamentos não representam o tratamento em si, embora desempenhem um papel importante no alívio dos sintomas. “O remédio alivia, te ajuda a sair da cama e te auxilia a procurar o seu real tratamento, que vai ser a inserção social, o apoio psicológico e a reabilitação física. Mas nem remédio a gente. Os pacientes não conseguem ter acesso a medicações importantes de primeira linha no SUS. E os medicamentos que têm ainda são caros. Isso, considerando que ainda precisa custear o psicólogo, a hidroginástica, o pilates e outros, vira uma bola de neve”, afirmou.
Levi Oliveira encerrou a sessão agradecendo a presença de todos e destacou a importância do debate para a efetivação de políticas públicas no estado de Sergipe. “Essa foi uma discussão essencial para que possamos tirar tudo do papel. Precisamos sair desse falatório sobre o que é a fibromialgia em que nada realmente é resolvido. E estarei cobrando dia após dia para que tudo que foi abordado aqui seja colocado na prática e as pessoas realmente possam ser assistidas”, concluiu.